Você Realmente Vive de Acordo com Seus Valores?

Muitas vezes, acreditamos que nossas escolhas são guiadas pelos nossos valores, mas será que isso é verdade? Se não estivermos constantemente avaliando nossas ações e prioridades, há uma grande chance de estarmos seguindo um caminho que nos levará a um lugar bem diferente do que o que gostaríamos.
Nossa identidade e trajetória de vida são resultados das decisões que tomamos a cada dia. Mas o que acontece quando essas decisões são baseadas em valores que nunca questionamos? Como saber se estamos realmente vivendo de acordo com aquilo que acreditamos ou na verdade estamos nos iludindo, sendo conduzidos por um padrão de resposta automático, ineficiente e infantil?

Nietzsche já alertava sobre os perigos de valores ilusórios:
“Falsos valores e palavras ilusórias: eis quais são para os mortais os monstros mais perigosos; neles dormita e aguarda largo tempo o destino.”

Pegando o gancho do filósofo, vamos um pouco mais para o oriente, em busca de compreender o que pode nos proteger da ilusão. Nas tradições orientais o maior mal é considerado a ignorância. Não a ignorância intelectual sobre fatos e filosofias, mas sobre si mesmo. Somos ignorantes sempre que agimos sem compreender o que está nos guiando. A liberdade real começa quando conhecemos nossos próprios valores, pois são eles que determinam nossas escolhas e direcionam nossa existência.
Por debaixo da superfície dos nossos comportamentos o que nos move são nossos valores. Eles são as correntezas mais profundas que dirigem a direção das ondas. É a partir daquilo que valorizamos que fazemos escolhas, concessões, nutrimos sonhos e ambições. Por exemplo, quando valorizamos o dinheiro, é comum dedicarmos tempo e esforço extremo ao trabalho. Já quem valoriza a família tende a priorizar o cuidado com os filhos e a atenção à vida doméstica. Por outro lado, aqueles que colocam o prazer como prioridade podem focar em atividades como jogos, comida ou consumo de álcool.

No entanto, a questão dos valores não é tão simples, pois eles podem ser mascarados pelos nossos medos. Um medo de ficar sem dinheiro, por exemplo, pode nos levar a atitudes mesquinhas. O medo de perder um parceiro pode resultar em uma postura excessivamente complacente, enquanto o medo de falhar frequentemente impede que tentemos algo novo. Nesse sentido, o medo entra na mesma “categoria” de valores, roubando espaço daquilo que é importante e tomando a frente.

Assim como o medo rouba espaço, a omissão também. O significado de “valor” compreende a noção de estima, apreço, consideração. Sendo assim, valores são estabelecidos por hierarquia e sua ordem declara aquilo que mais importa. Apesar de parecer óbvio, na prática, não é tão simples. Ao escolher um valor, automaticamente diminui-se outro, levando a priorização de um acima do outro. A grande maioria das pessoas vive ignorando essa concepção, preferindo uma fantasia de que “se eu me abster de estabelecer prioridades, escapo delas”, mas na verdade, é bem o oposto: as prioridades serão estabelecidas pelos medos pessoais e demandas alheias. O que se abre mão na verdade, é da escolha, não da dura imposição.

Deixar de ser levado pelas correntezas profundas não é uma escolha fácil, mas necessária. Manter-se abstido de refletir e determinar valores e prioridades não resolve ou posterga a solução de um problema, mas trabalha diametralmente no sentido oposto.

Separei algumas dicas que podem te ajudar a trilhar o caminho inverso, e que você pode começar hoje. Reflita sobre e responda:


✔️ Quais são meus verdadeiros valores? O que realmente importa para mim, independentemente do que a sociedade ou minha família esperam?

✔️ Minhas ações refletem aquilo que considero importante? Ou estou apenas seguindo padrões impostos por outras pessoas?

✔️ O que me faz sentir vivo e realizado? Há algo em minha vida hoje que me aproxima dessa sensação?

✔️ Quais são os valores que tenho seguido sem questionar? Será que eles ainda fazem sentido para mim?

✔️ Estou tomando decisões baseadas no medo ou na liberdade?

A liberdade real começa quando escolhemos conscientemente os valores que queremos seguir e nos comprometemos a alinhar nossas ações com eles. Essa é uma escolha que se renova a cada dia.

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